segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Entre a ciência e a sapiência

Olá pessoal!
Tem escrito e educador de quem eu gosto muito que é Rubem Alves, então, resolvi postar dois fragmentos de duas crônicas dele para uma breve reflexão, espero que gostem.
"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo o pensamento esta cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem.
As escolas se dedicam a ensinar os saberes científicos, visto que sua ideologia científica lhes proíbe lidar com os sonhos! Enquanto isso os meios de comunicação, principalmente a televisão, que conhecem melhores os caminhos dos seres humanos, vão seduzindo as pessoas com seus sonhos pequenos, frequentemente grotescos. Assombra-me a capacidade dos meios de comunicação para criar sonhos! Mas de sonhos pequenos e grotescos só pode surgir um povo de ideias pequenas e grotescas, ignorando que o essencial, na vida de um país, é a educação."

"Minha paixão pela educação tem suas paisagens. E as paisagens me comovem, agora que já sou velho, não são as mesma que me apareciam quando eu era jovem:
Existe um mundo que acontece pelo desenrolar lógico da história, em toda a sua crueza e insensibilidade. Mas há um mundo igualmente concreto que nasce dos sonhos: a Pietà, de Michelangelo, o Beijo, de Rodin, as telas de Van Gogh e Monet, as músicas de Tom Jobim, os livros de Guimarães Rosa e Saramago, as casas, os jardins, as comidas: eles existiram primeiro com sonho, antes de existirem como fatos. Quando os sonhos assumem forma concreta, surge a beleza.
Zaratustra dizia haver chegado o tempo para que o homem plantasse as sementes de sua mais alta esperança.
É essa a imagem que se forma ao redor da minha paixão pela educação: estou semeando as sementes da minha mais alta esperança. Não busco discípulos para comunicar-lhes saberes. Os saberes estão soltos por aí, para quem quiser. Busco discípulos para neles plantar minhas esperanças."
Rubem Alves

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